terça-feira, 31 de agosto de 2010

Julguei...

Julguei ver nos olhos de alguém
a imagem desfocada do prazer.
Confusão decrépita, mas pueril,
de um corpo que é já de ninguém.

Frágil boca
que não beija.
Torcidas mãos
que não tocam.
Coração cansado,
dolente, quase parado.

Afiguro-me de ti
prenhe do todo,
que és tu e eu.

Agora acreditas?
Nenhum de nós
MORREU.

Francisco Mota, Agosto de 2010


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Um Sábado Cultural no Porto

No passado dia 24 de Julho fui ao Porto. É uma das minhas cidades favoritas. Não só porque lá moram grandes amigos, mas também porque culturalmente, é extremamente interessante. Nesse Sábado, actuou no Coliseu do Porto uma das minhas cantoras favoritas, Maria Bethânia. A Sala emblemática da Invicta esgotou, para ver "Amor Festa e Devoção", o mais recente espectáculo da Diva Baiana, baseado nos últimos dois discos: "Tua" e "Encanteria".
Como era de esperar, Maria Bethânia foi divinal. A sua voz, que parece ecoar das profundezas da Terra, deslumbrou e encantou. O repertório (com algumas alterações do estreado no Brasil), conseguiu fluir de forma eficaz, interligando velhos sucessos com as mais recentes canções.
Bethânia não é uma cantora. Ela própria define-se como Intérprete. Pessoalmente, gosto da definição do escritor brasileiro Jorge Amado: "Maria Bethânia é um Orixá vivo".
O que eu vejo quando olho para o palco, é de um magnetismo em estado puro. Uma Cantora e Actriz fora do vulgar, com uma noção de palco e de emoções, que vai para além do real...


Na tarde desse fantástico Sábado, aproveitei para ir também ao Teatro Rivoli ver o mais recente musical de Filipe La Féria: "Annie".
Sou um admirador confesso de musicais, e gosto muito do trabalho de La Féria. Irritam-me as "pseudo intelectualidades" vigentes, que gostam de falar mal por falar, crucificando o teatro mais comercial, que afinal é o que chega mais facilmente ao coração das pessoas.
É de louvar que estes espectáculos consigam estar muitos meses em cena, com lotações esgotadas, arrastando milhares de pessoas de todas as localidades do País. Gosto desta ousadia de Filipe La Féria, da capacidade que tem em não colocar limites à criatividade e ao sonho.
"Annie" é um grande clássico. Uma aposta que à partida, está mais que ganha.
Mas mesmo para quem conheça a história, o filme, as inúmeras adaptações aos palcos, não deixa de sair do Rivoli completamente rendido. O elenco é delicioso (as crianças tornam tudo tão mágico), os cenários um prodígio visual, o guarda-roupa é soberbo, as músicas (eternas) tornam-se intensas, na tradução para a nossa língua e nas vozes maravilhosas dos artistas. Impossível não nos emocionarmos, não sentirmos a obrigação de agradecer a esta gente do Teatro, que nos dá a capacidade de sonhar durante aquelas duas horas.
Aconselho vivamente e deixei uma promessa a mim próprio: em Novembro voltarei para ver uma segunda vez.
Quando a pequena Annie canta "Amanhã", não consegui aguentar-me, e lá saiu uma lágrima. Uma simpática senhora que estava ao meu lado, tocou-me no braço e disse: "chore à vontade, que eu venho pela segunda vez e choro sempre". Palavras para quê...
BRAVO!!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"Livros sem Palavras" - Carlos Martinez


Ontem foi uma noite especial. Na cidade do Fundão, o auditório de "A Moagem" encheu para ver o espectáculo "Livros sem Palavras", inserido no TeatroAgosto, apresentado pelo genial Carlos Martinez.
80 minutos de mímica, em que os silêncios conseguem transmitir emoções iguais às das palavras. O público rendeu-se desde o início a esta arte, que tem seguramente no espanhol Carlos Martinez, um dos seus maiores expoentes.
Ouviram-se risos rasgados, sussurros expressivos de contentamento e palmas, muitas palmas... quer no final de cada quadro, quer no final apoteótico, em que o artista foi ovacionado de pé.
Antes do último adeus, o artista presenteou o público com pequenos exercícios de mímica, despindo-se da personagem "Mimo", e mostrando a real pessoa.
Pela mensagem transmitida, deu-me a convicção de que por detrás do excelente "peformer", estará um belíssimo ser humano.

Deixo o Site de Carlos Martinez, que vale a pena descobrir...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cinco Sentidos num Momento...

Hoje seria o dia em que começavam as minhas férias. Mas não foi. Precisei de ultimar um trabalho e ainda fui ao emprego.
As Segundas Feiras são sempre o meu pior dia. Levanto-me ensonado, corro para o duche com movimentos trémulos, e o bom humor fica num valor muito reduzido.
Por volta das 16.00 Horas, começo lentamente a atingir o meu estado normal.
Para variar, esta foi uma Segunda Feira mais animada. É que ao virar da rua, espreitavam as férias, e com elas, um ambicionado descanso.
Tenho tantos livros para ler, música para ouvir e sobretudo, colocar no papel alguns projectos que me atormentam há meses.
Acabado o leve jantar, lancei-me numa caminhada (há que manter a forma), pelas ruas da minha Covilhã. Uma aragem quente importunou-me, mas não me fez desistir do caminho.
Adoro caminhar, olhar para as pessoas que se cruzam comigo, sentir o cheiro das ruas históricas, pensar emocionado em anos idos, sorrir com ideias futuras.
É assim que me torno "dono de um tempo sem tempo." Feliz, porque habito momentos de ternura e prazer.
Apenas um breve momento... e no entanto, os cinco sentidos em funcionamento...